A fórmula do “Avançar para Trás”
Governo planeja fechar 96 salas do período noturno! Se você é trabalhador, provavelmente já ouviu falar do projeto que pretende acabar com o sistema de “escala 6×1” – aquele em que você trabalha seis dias e descansa um. Essa proposta visa, em teoria, dar uma melhor qualidade de vida ao trabalhador. Qualidade de vida inclui […]
Governo planeja fechar 96 salas do período noturno!
Se você é trabalhador, provavelmente já ouviu falar do projeto que pretende acabar com o sistema de “escala 6×1” – aquele em que você trabalha seis dias e descansa um. Essa proposta visa, em teoria, dar uma melhor qualidade de vida ao trabalhador. Qualidade de vida inclui mais tempo para lazer, família, cultura e, claro, para “estudar!”.
Porém, se você sonha em concluir os estudos, o governo de São Paulo tem algo importante a dizer: “A educação não é para você.” Mais uma vez, o governador Tarcísio de Freitas e seu secretário de Educação, Renato Feder, deixam claro que seu compromisso não é com a classe trabalhadora, ou seja, não é com o povo. Ambos anunciaram o fechamento de 96 turmas de ensino noturno, impactando diretamente o EJA (Educação de Jovens e Adultos) e os estudantes regulares que enfrentam jornadas exaustivas de trabalho. Esse governo demonstra, mais uma vez, que sua prioridade não é a inclusão, mas a exclusão.
O mais “interessante” neste absurdo é o argumento utilizado para justificar a decisão: uma suposta queda na demanda. Seria cômico, se não fosse trágico, perceber que essa justificativa só aparece quando o assunto é cortar direitos do povo, mas nunca quando se trata de reduzir privilégios do alto escalão do governo. Afinal, para eles, trabalhadores que estudam à noite não é prioridade. A gestão de Tarcísio parece estar mais preocupada com números em planilhas do que com as vidas impactadas.
Fechar turmas do noturno não é apenas apagar luzes nas salas de aula. É apagar sonhos. E não estamos falando apenas de concluir o Ensino Médio – o fechamento afeta também as turmas de EJA, que acolhem aqueles que lutam para superar a defasagem escolar causada por adversidades socioeconômicas.
Em vez de criar políticas inclusivas, o governo de São Paulo está consolidando um ciclo vicioso de evasão escolar, já que muitos alunos não conseguem encontrar turmas que atendam às suas realidades.
Essa ideia não é nova. No Paraná, de onde veio Renato Feder, priorizar uma lógica administrativa em vez de pedagógica provou ser um erro. Lá, o modelo de gestão privada precarizou as condições de trabalho, aumentou a insatisfação de professores e alunos, e, no fim, a prometida “eficiência” virou ineficiência. Nada indica que em São Paulo será diferente.
Ao invés de fechar turmas, o governo deveria investir em estratégias que aumentassem as matrículas no noturno e garantissem a permanência dos alunos como, por exemplo, auxílio-transporte e alimentação: Incentivar a frequência ao noturno ao subsidiar custos básicos que inviabilizam muitas vezes a ida à escola, flexibilização de horários atendendo à realidade de quem trabalha até tarde, estimular empregadores a liberarem funcionários para estudar, oferecendo incentivos fiscais.
Basta de retrocessos!
Educação não é apenas um número em uma planilha de Excel. Fechar turmas do noturno é declarar guerra contra trabalhadores e jovens que tentam superar adversidades para construir um futuro melhor. A solução não está em restringir o acesso à educação, mas em criar oportunidades. Se Tarcísio e Feder realmente quisessem resolver o problema, investiriam na inclusão, não na exclusão. Afinal, a educação é a base do desenvolvimento – caso haja escolas abertas, especialmente à noite, para quem trabalha o dia inteiro.