A dura rotina de quem educa: desvalorização e exploração
O Luto e a Luta: A Morte da Professora Analu e a Realidade no Chão da Escola Esta semana tivemos a notícia do falecimento da professora Analu, que, segundo relatos, veio a perder a vida por conta de um infarto que pode ter sido ocasionado pelos altos níveis de estresse no chão da escola.Particularmente, eu […]
19 mar 2025, 12:12
O Luto e a Luta: A Morte da Professora Analu e a Realidade no Chão da Escola
Esta semana tivemos a notícia do falecimento da professora Analu, que, segundo relatos, veio a perder a vida por conta de um infarto que pode ter sido ocasionado pelos altos níveis de estresse no chão da escola. Particularmente, eu não conhecia a professora Analu, mas, como professor e ser humano, fico realmente triste em saber que mais uma colega faleceu durante o trabalho dentro da escola. O falecimento da professora Analu não é a primeira morte e, infelizmente, não será a última a acontecer durante o cumprimento do trabalho. Nos últimos anos, quantas professoras e professores perderam suas vidas enquanto trabalhavam, seja por violências diversas ou por algum mal súbito? A sociedade costuma romantizar a categoria de professores: “heróis” ou seres iluminados, apaixonados pela “educação”. Toda essa romantização é um erro, pois as professoras e professores são profissionais que fazem parte da classe trabalhadora: pagam contas, ficam doentes, possuem famílias, pagam impostos e merecem respeito e valorização profissional como todo mundo. Pedreiro, motoboy, motorista, gerente, ajudante, advogado, juiz, engenheiro… Nenhuma profissão existiria se não existisse a categoria de professores que, em uma visão etimológica, “professor é aquele que declara em público” que filosoficamente podemos dizer que é a primeira profissão ou o primeiro profissional. E precisamos nos questionar: se nenhuma profissão existe sem o professor, por que (principalmente no estado de SP) somos a única categoria que precisa fazer uma prova de mérito para ser reconhecida profissionalmente ou ter aumento de salário? Somos a única profissão que trabalha antes e depois do expediente, em 4, 5, 6 unidades escolares diferentes, lecionando diversas matérias, muitas das quais nem estudamos para tal. Então, professor não é “herói”, como o governo coloca e faz com que a sociedade acredite. Professor é uma categoria de trabalhador duramente explorada pelo governo, por gestões autoritárias e, por fim, pelo próprio capital. É uma situação que vem piorando dia após dia. Sim, somos professores porque acreditamos que a educação seja a maior forma de transformação social e não, não somos professores porque somos heróis. A sociedade, e principalmente os governos federal, estadual e municipal, precisam respeitar a categoria do professorado e nos tratar com dignidade, assim como deve ser com toda a classe trabalhadora.