A máscara do racismo: a farsa do “Não foi nossa intenção”
Nossa, como é bom ver a evolução da educação pública. Só que não. Entre os ataques que a educação pública vem sofrendo diariamente precisamos lembrar constantemente da importância de uma educação Antirracista. Então, desta vez, vamos falar de mais um capítulo vergonhoso: “BLACK FACE”! Para quem não conhece essa prática “INOFENSIVA” (palavras não minhas, mas […]
18 nov 2024, 12:32
Nossa, como é bom ver a evolução da educação pública. Só que não.
Entre os ataques que a educação pública vem sofrendo diariamente precisamos lembrar constantemente da importância de uma educação Antirracista.
Então, desta vez, vamos falar de mais um capítulo vergonhoso: “BLACK FACE”!
Para quem não conhece essa prática “INOFENSIVA” (palavras não minhas, mas de quem insiste em dizer que é apenas uma “BRINCADEIRA”), consiste em se pintar de preto para “REPRESENTAR” pessoas negras.
Defender a escola, educação pública inclusiva, de qualidade e antirracista sempre deve ser a prioridade.
Porém… em Peruíbe, litoral sul de SP, em pleno mês da consciência negra, uma escola postou uma foto de pessoas que caracterizam “BLACKFACE”. Tudo isso durante uma atividade, que deveria promover a consciência e a Educação Antirracista.
Ah, o irônico e trágico jogo de palavras! “Atividade do mês da Consciência Negra”.
Quando os responsáveis foram educadamente alertados que aquela situação não era exatamente uma homenagem, adivinhem qual foi a brilhante solução? Apagar a foto e agir como se nada tivesse acontecido. Genial, não?
Será que reconhecer e corrigir publicamente o erro seria pedir demais?
Afinal, porque gastar o precioso tempo de uma escola pública fazendo um pedido de desculpas, educando a comunidade e aplicando uma educação Antirracista em pleno mês da “CONSCIÊNCIA NEGRA”.
A verdade é que o racismo estrutural está tão entranhado nas nossas gestões escolares quanto na sociedade em que vivemos. Existe ausência de letramento racial, não apenas nas escolas, mas também nas suas gestões. Como esperar que os estudantes tenham acesso uma educação antirracista conforme a Lei 10.639/2003 se as próprias direções escolares não têm a menor noção de por que uma prática como essa é ofensiva?
É evidente que apagar uma foto não apaga o problema do “RACISMO” que é estrutural. E mais, não desculpa a falta de preparo das gestões, que preferem varrer o racismo para debaixo do tapete ao invés de enfrentá-lo. O Brasil, e São Paulo em especial, têm sido palco de um espetáculo de desinformação e falta de responsabilidade social quando o assunto é racismo.
Isso só evidência que vivemos em uma sociedade racista, que não importa tanto se o racismo ocorre, o importante é não ser pego em flagrante!!! Mas se você for pego?
Simples: apague o registro que ninguém vai notar. Enquanto isso assistimos, perplexo, à perpetuação do racismo estrutural.
E por fim, antes que alguém venha com a velha desculpa “NÃO FOI NOSSA INTENÇÃO”. Sejamos transparentes: intenção sem reflexão não vale nada.
Enquanto isso, continuamos… Só não sei até quando.