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As Confluências da Educação e o volta às Aulas em 2025.

Mais um ano letivo começa e, como educador, gostaria de dar as boas-vindas aos estudantes e aos professores que retornam à sua vida profissional. “Só que não é bem assim.” Iniciamos o ano letivo de 2025 com um grande desafio: garantir que, nos próximos anos, tenhamos “volta às aulas” para dar as boas-vindas a alunos, […]

2 fev 2025, 22:17

Mais um ano letivo começa e, como educador, gostaria de dar as boas-vindas aos estudantes e aos professores que retornam à sua vida profissional. “Só que não é bem assim.”

Iniciamos o ano letivo de 2025 com um grande desafio: garantir que, nos próximos anos, tenhamos “volta às aulas” para dar as boas-vindas a alunos, professores e à comunidade escolar.

Privatizações, “extinção de aulas de humanas e diminuição gradativa de todo o currículo escolar”, falta de climatização nas salas de aula, fechamento das salas do noturno, evasão escolar, falta de professores, falta de aulas para os professores, falta de transparência nos processos de atribuição, debates sobre os celulares no ambiente escolar, violência etc… Estes são apenas alguns dos problemas que teremos que combater em 2025.

Como sempre, a educação pública em São Paulo continua sendo tratada como um experimento social de gosto duvidoso. Estudantes e professores voltam às salas de aula, mas ficam algumas perguntas: haverá salas para todos? Professores suficientes? Material? ALUNOS? Segundo o governo Tarcísio e Feder, teremos uma “ESCOLA DE EXCELÊNCIA”. Quem sabe teremos uma educação que seja digna de estar presente entre as 10 melhores do mundo? Sonhar ainda é de graça.

O Brasil ainda segue entre as avaliações abaixo da média mundial, conforme a OCDE.

Ah, e claro, não podemos esquecer da violência nas escolas, que cresce na mesma proporção em que se fecham espaços de cultura, arte e debate. A solução? Mais vigilância, mais repressão e um silêncio ensurdecedor sobre a raiz do problema.

Em 2025, os estudantes terão uma experiência inédita: já ouviu dizer que MENOS É MAIS? Pois bem, a ideia do “minimalismo” é o novo projeto educacional do estado de SP. O ensino minimalista não se trata de uma nova tendência pedagógica, mas sim da redução drástica de aulas de História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Artes. Afinal, quem precisa de pensamento crítico quando se pode ter um currículo enxuto, objetivo e insosso? E podemos até inovar o nome deste Projeto Minimalista para: “Menos conteúdo, mais obediência”.

Queremos um ambiente de aprendizado ou uma filial da iniciativa privada dentro da sala de aula? Se depender de Tarcísio e Feder, os alunos logo precisarão baixar um aplicativo para acessar qualquer serviço básico dentro da escola – claro, com propagandas no intervalo.

Se a educação pública fosse uma série de TV, já estaria na última temporada, prestes a ser cancelada por baixa audiência. Mas a diferença é que, neste caso, não podemos apenas mudar de canal. É hora de cobrar, de resistir e de lutar por uma escola pública digna.

Iniciamos 2025 com tantas perguntas e motivos para reflexão que a extinção de aulas de filosofia, por si só, já não fosse uma tragédia, também é uma grande ironia digna das Crônicas de Luís Fernando Veríssimo em “A Comédia Da Vida Privada”.

O estado, o sistema econômico, são especialistas em dividir a classe trabalhadora, seja professores e estudantes, motoristas ou motoboys, engenheiros ou metalúrgicos, pedreiros ou arquitetos, povo versus povo. No caso da escola pública de SP, o professorado ainda é dividido em subcategorias, colocando a “categoria do professorado” contra ela mesma e o “Leviatã” de Thomas Hobbes ainda permite o aumento da violência e a precariedade do ensino, que leva às situações onde professores, alunos, sociedade civil e toda a comunidade escolar ficam um contra o outro. Como disse Malcolm X: “Não Estamos em Menor Número, Estamos Desorganizados”.

É nítido que, para salvar a educação, precisamos da união de todos os setores: professores, estudantes, pais, comunidade escolar, sociedade civil, movimentos populares e sindicais, tendo a certeza de que esta mistura de gerações, sentimentos e ideologias não irá fragmentar a educação, mas sim criar uma “confluência de saberes”, como nos ensina o filósofo,

Seja bem-vindo, estudante e professor! Peguem seus cadernos, seus lápis e suas canetas e preparem-se para mais um ano no grande reality show chamado “Educação Pública”.