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BASTA DE VIOLÊNCIA!!!

A comunidade escolar e a sociedade paulista ficaram estarrecidas com a rajada de tiros disparados por um aluno da E.E Sapopemba, localizada na Zona Leste da Capital, no dia 23 de outubro, que resultou em três alunos feridos e na morte da aluna Giovanna Bezerra. Mais uma tragédia em uma escola pública, mais uma vida […]

25 out 2023, 09:18

A comunidade escolar e a sociedade paulista ficaram estarrecidas com a rajada de tiros disparados por um aluno da E.E Sapopemba, localizada na Zona Leste da Capital, no dia 23 de outubro, que resultou em três alunos feridos e na morte da aluna Giovanna Bezerra. Mais uma tragédia em uma escola pública, mais uma vida jovem ceifada, o que além de transtornar familiares e amigos, provocou profunda consternação em todos nós que trabalhamos na escola pública.

Escola, como bem apontava Paulo Freire, é o lugar de fazer amigos, espaço do diálogo, do prazer e da convivência coletiva, sendo portanto durante muito tempo considerado território livre de violência, devotado à prática da cultura da paz e de plena humanização.

Com tristeza profunda, temos acompanhado cotidianamente que a convivência escolar vem sendo atingida por episódios violentos. Na rede estadual de São Paulo, segundo levantamento feito pelo Instituto Locomotiva até março deste ano, pelo menos 48% dos estudantes e 19% dos docentes já haviam sofrido algum tipo de violência. As mortes de alunos e Professores como a morte da Professora Elisabeth Terneiro na E.E Thomazia Montoro em março deste ano e os nove atentados com mortes ocorridos no Brasil até setembro são evidências terríveis de que estamos cada vez mais distantes da paz nas escolas.

Não podemos e não devemos aceitar a naturalização da violência em nenhuma hipótese e ainda mais nos espaços escolares. Nesse sentido, a desastrosa política do Governo Tarcísio e do Secretário Feder é a grande responsável por esta terrível situação. A combinação da desvalorização da profissão docente, com as péssimas condições de trabalho, a precarização dos profissionais das escolas com terceirização e flexibilização de direitos e não contratação de psicólogos para atendimento aos estudantes e familiares, compõem um quadro favorável infelizmente a estes lamentáveis episódios.

É importante ressaltar que além da extrema dificuldade interna, a escola não é uma ilha, estando inserida numa comunidade, ela reflete tudo que ocorre externamente, sendo a violência uma das principais destas manifestações, por mais que seus profissionais se esforcem e desenvolvam projetos educativos voltados para a vivência humanizada.

Nesse sentido, os anúncios mágicos feitos pelo governo a cada acontecimento trágico para dar satisfação ou fazer propaganda de uma ação superficial, enxugando gelo, expressa o descaso com a escola pública. É necessário atender as reivindicações da categoria, transformar a educação em prioridade e não aplicar o corte draconiano das verbas da educação no valor de quase dez bilhões de reais. Garantir condições de salário e de trabalho aos educadores e favorecer espaços prazerosos de ensino e de aprendizagem para os discentes, estes são os primeiros passos para livrar as escolas da chaga da violência e evitar que novas tragédias com estas que resultaram na perda de vidas se repitam.