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Categoria O / Reflexões

A reflexão e análise da categoria O demandam um retorno ao passado sobre a conjuntura educacional do Estado de São Paulo. É evidente a realidade da ausência de mobilizações representativas da categoria O, resultando na perda de muitos de nossos direitos, tanto para efetivos, ofas (F), cat. O e outros. É importante voltar ao tempo […]

17 jan 2024, 20:56

A reflexão e análise da categoria O demandam um retorno ao passado sobre a conjuntura educacional do Estado de São Paulo. É evidente a realidade da ausência de mobilizações representativas da categoria O, resultando na perda de muitos de nossos direitos, tanto para efetivos, ofas (F), cat. O e outros. É importante voltar ao tempo para analisar a conjuntura da educação no Estado de São Paulo.

Os professores da cat. O e outros que percorreram o mesmo caminho, tiveram, após 2007, suas referências modificadas de F para O, perdendo direitos de estabilidade e função para contratados. Muitos ainda possuíam um entendimento sobre qual era a função do sindicato, a ponto de terem revertido essas situações tanto judicial quanto politicamente.

Em 2010, houve uma tentativa de transformar todos os professores da categoria F em contratados (O), mas as grandes mobilizações da categoria resistiram, mesmo cientes do risco de demissão. Conseguimos reverter, e no momento da votação na Alesp, barramos esse ataque, sendo uma vitória alcançada após muita luta. Os professores, na época, possuíam uma formação e conhecimento de que a consciência de classe deve prevalecer nas lutas coletivas, e o individualismo apenas conduz à nossa derrota.

Ao longo dos anos, o governo, observando o comportamento da categoria, não hesitou em aprofundar ainda mais nossas divisões, mesmo com os concursos de 2014 para os ingressantes, nos quais já havia alterações, ainda era necessário participar de cursos promovidos e desenvolvidos pelas regionais da SE. Absurdo! Na época, discutimos bastante sobre isso.

Tivemos várias mobilizações, mas o governo apostava em nossas divisões como classe e categoria para desmobilizar nossas lutas por direitos e melhores condições de trabalho, algo que presenciamos em nossas realidades.

Com o tempo, enfrentamos derrotas no âmbito federal e estadual diante da conjuntura nacional em que estávamos inseridos, em que a educação não era prioridade para o governo de extrema-direita e seus aliados. Foram anos de muita luta, de grandes perdas de direitos e poucas conquistas, e para completar, tivemos um governo negacionista diante de uma pandemia jamais presenciada por todos nós como seres humanos que somos.

As aulas de EAD foram implementadas em razão das circunstâncias dessa pandemia e lançaram vagas para o magistério Paulista e outros, por meio de estudantes que ainda não concluíram o curso. Além disso, era necessário estimular o ingresso nessa categoria diante da situação econômica e de saúde que vivíamos no momento. O governo promoveu a categoria O como a mais beneficiada, alimentando falsas promessas. Contudo, isso levou à precarização do emprego e da carreira, onde muitos dessa categoria não tiveram o mínimo de formação e informações para pensar em coletivo, concentrando-se apenas em sua sobrevivência. O que não conseguem perceber é que a conquista coletiva, por meio da luta, reflete no indivíduo enquanto parte da categoria. Temos que compreender que essa categoria já enfrentou os desafios da pandemia e suas consequências. Agora, apesar do medo compreensível, não é o caminho certo para recuperar sua dignidade e sobreviver em um sistema educacional precário como o nosso. Sem lutas e mobilizações do sindicato, não alcançaremos vitórias.

É um trabalho de formiguinha, envolvendo esclarecimentos, formação e sobrevivência. Precisamos enxergar com atenção para alcançar, com nossos colegas, a reflexão de que só conseguiremos reverter essa perspectiva da atual conjuntura educacional em que estamos inseridos, no estado mais rico do país, se mantivermos a unidade nas mobilizações. O sindicato é um instrumento necessário de luta para a nossa categoria, mesmo diante de todas as divergências que possamos ter, pois nossa maior diferença é contra o governo que vem retirando nossos direitos.

A luta vale a pena.

Professora Zeza da TLS

Conselheira da APEOESP/Diretora da APEOESP pela subsede sul Santo Amaro–SP.